domingo, 20 de fevereiro de 2011

A história do canário desde sua descoberta

As aves sempre fascinaram a humanidade; uma grande prova disso são as inúmeras pinturas e esculturas encontradas nas pirâmides, desde simples adornos corporais a deuses que têm como representação a figura de diferentes pássaros. A história do canário não é tão remota assim, nem há registros que o relacionem com alguma divindade, mas isso não o torna menos especial que essas aves, representantes dos deuses. Sendo um dos mais procurados dentre todos os pássaros domésticos, o canário é estimado por seu canto suave e harmonioso e beleza de suas cores - e por ser um animal de estimação muito dócil, fácil e barato de cuidar, que faz pouca sujeira e ocupa quase nenhum espaço. A partir desta edição, a revista Brasil Ornitológico trará mais informações, para os iniciantes na canaricultura, sobre esse pássaro que, com seu canto, cativou até a Rainha Elizabeth, que reinou na Inglaterra, na segunda metade do século XVI. Qual a origem desses pequenos pássaros de canto harmonioso? As primeiras notícias sobre a existência do canário ocorreram após a ocupação das Ilhas Canárias pelo navegador João Bethencourt, em 1402. Esse arquipélago, pertencente à Espanha desde o século XV, localizado a pouco mais de cem quilômetros da Costa da África, quase em frente ao deserto do Saara, trata-se de uma região coberta por vegetação e fauna quase inexistentes em outras partes do mundo, onde poucos mamíferos, répteis e batráquios habitavam. E teria sido o habitat original dessa ave, balizada cientificamente com o nome de Serinus canarius e classificada pêlos naturalistas como pertencente à família dos Fringilídeos, no grupo dos Passeriformes. Ícones avium omnium, escrita pelo naturalista suíço, Conrad Gessner, em 1550, foi a primeira obra sobre o canário. Mas a descrição mais completa, desse habitante quase solitário das ilhas que lhe deram o nome, é dada por Ulisses Aldobrandi, em 1559. Diz que o canário silvestre é um pássaro de pequeno porte, não excedendo de doze centímetros. Nidifica em pequenos arbustos. É de cor atraente, de um verde amarelado um pouco acinzentado, com tons escuros nas asas. O dorso com raias pretas, o uropígio é de um verde amarelado, o mesmo ocorrendo com o peito; e esse tom vai se esmaecendo à medida que atinge o ventre. Bicos e pés escuros. Canto alto e sonoro'. Este seria o canário silvestre, habitante natural das Ilhas Canárias, origem de todas as raças atualmente existentes.

A difusão do canário pelo mundo

Há muitas contradições e desencontros de datas na história do canário. Mas alguns historiadores afirmam que a criação em cativeiro teve início há mais de quinhentos anos, pêlos espanhóis que ocuparam as Ilhas Canárias. A partir daí, os espanhóis mantiveram o monopólio do canário, por muito tempo, exportando apenas exemplares machos para evitar a concorrência estrangeira. Porém, como tudo tem um fim, este monopólio também o teve, quando um vapor carregado de canários naufragou perto da ilha de Elba, de acordo com o relato de Olinda, em 1622. Segundo o autor, em seu livro Ulcelleria, publicado em Roma, o naufrágio do navio nessa ilha foi o responsável pelo aparecimento dos pássaros na Itália e posteriormente na Alemanha. Os canários teriam encontrado na Ilha de Elba condições favoráveis para seu desenvolvimento e puderam se reproduzir em grande quantidade, passando a viver em bandos. Um fato que merece destaque é que os canários jamais emigraram para o continente, pois eles encontraram nas ilhas, o alimento preferido e o clima (temperado) favorável ao seu canto. Sobre a veracidade desta narrativa, no que diz respeito à reprodução com outras espécies daquela ilha, pesam sérias dúvidas de ordem científica. Parece que o mais certo é se admitir que naquelas exportações tinham também fêmeas, uma vez que é fácil de se confundirem os sexos. Ou, então, que aquele carregamento não era constituído exclusivamente de exemplares machos.

Há ainda a hipótese da compra clandestina de fêmeas, como causa do fim do monopólio. Esta situação encontra ressonância no fato comprovado de Walter Raleig, quando de retorno daquelas ilhas à sua pátria, a Inglaterra, ter ofertado, à Rainha Elizabeth, diversos canários. E a soberana, cativada pelo canto daqueles pássaros, determinou que eles fossem criados no seu palácio, onde surgiu o primeiro canário amarelo de que se tem notícia. Este fato fez Shakespeare dizer que 'os olhos da grande Rainha tinham o poder de mudar as coisas em ouro'. Mas não foi somente a Rainha Elizabeth que se apaixonou pêlos canários. Izabel da Inglaterra, uma das mais poderosas e cultas da Europa, dedicou-se, também com carinho e paixão à criação de canários. E até imperadores da Alemanha e sultões do Oriente não conseguiram fugir ao fascínio dos artigos pequenos pássaros de canto harmonioso. Afirma-se que, naquela época, o sultão da Arábia tinha as salas do seu riquíssimo palácio cheias de gaiolas de canários. Afirma-se também que os italianos e holandeses, atraídos pelo belo e harmonioso canto dos canários espalhados por toda a ilha de Elba, começaram a capturar essas aves e vendê-las ao continente. Mas devido a grande demanda de compradores, se organizaram e iniciaram a criação e exportação desses pássaros para os países do Norte. No final do século XVIII, os canários estavam sendo criados em grande escala na Suíça e no sul da Alemanha e foram espalhados pela Inglaterra, Rússia, Egito, etc. Mas, à medida que o canário se reproduzia em cativeiro, devido à quebra de sua cadeia alimentar original, a base de sementes e frutas nativas e insetos, começou a sofrer mutações na forma, no colorido de sua plumagem, no seu canto, e até em sua estrutura óssea. Há registros de que, em 1700, a Duquesa du Barry, apaixonada criadora de canários, fazia viagens a Flandes a fim de adquirir exemplares para melhorar o seu grande e já famoso plantei. Naquela época, o encarregado-chefe de sua criação, M. Hervieux de Chateloup, publicou um volume narrando as experiências com a criação de canários, que apresentavam 29 variedades de cores, dentre as quais figuravam o Amarelo, Verde, Ágata Dourado, Isabel Dourado, Junquilha de olhos pretos e claros. A criação de canários começava a empolgar não só amadores, mas também cientistas que passaram a estudar os aspectos genéticos do pássaro, explorando suas mutações, obtidas em cruzamentos contínuos, à procura de aperfeiçoamento e fixação de novas raças, variedades de forma, plumagens, cores e canto. A Alemanha foi um dos países que se destacou na criação e aperfeiçoamento do canto e, mais tarde, na cor do canário, com os trabalhos do Dr. H. Duncker. E, à medida que o canário sofria mutações, surgiam também os primeiros grupos de aficionados no novo entretenimento, assegurando ainda mais o sucesso do desenvolvimento da canaricultura. Entretanto, o fato mais marcante na história da genética de aves e animais foi o cruzamento do Tarim da Venezuela (Spinnus cucullattus) com canárias. Os híbridos férteis desse cruzamento propiciaram a introdução do fator vermelho no canário, gerando daí centenas de novas cores que encantam freqüentadores de eventos ornitológicos. Atualmente os canários ancestrais não aparecem mais nas gaiolas e sim centenas de mutações com variadas cores, formas e tamanhos.

A chegada do canário e o seu desenvolvimento cm terras brasileiras

Não se sabe ao certo quando os primeiros canários surgiram em terras brasileiras, mas há quem diz que, por volta de 1890, esses pássaros já eram vendidos por marinheiros nos cais dos portos do Brasil. Em 1902 foram fundadas duas sociedades ornitológicas no Brasil, uma no Rio de Janeiro/RJ e outra em Pelotas/RS. Ambas eram chamadas de Sociedade Expositora de Canários e há registros que destacam a de Pelotas como "Premiada com o Grande Prêmio (medalha de ouro) na grande Exposição Nacional de 1908".

No início, a canaricultura no Brasil tinha como destaque os canários de canto e, em seguida, apareciam os de porte, principalmente os frisados parisienses, expostos, desde a primeira década do século, pela Sociedade Expositora de Canários, no Rio de Janeiro. Nos próximos anos, várias sociedades e clubes ornitológicos foram surgindo, sendo sua maioria concentrada no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. À medida que essas entidades se organizavam, começaram a aparecer também algumas raças inglesas, na década de 40 e os canários de cor, no início da década de 50.

Alguns eventos da época merecem destaque na história da canaricultura brasileira. Como a primeira grande exposição de canários de canto e de cor, realizada pela UCRB - União de Criadores de Roller do Brasil em 1949. Os pássaros julgados nessa exposição garantiram ao Brasil a participação no 1° Congresso Latino Americano, realizado em Buenos Aires. Nesse congresso o Brasil conquistou dois primeiros lugares; um em canários de Canto Clássico na categoria de filhotes e outro, na Cor avermelhada. Dois anos depois, em 1951, ainda sob a liderança da UCRB, foi realizado o 2° Congresso Latino Americano, em São Paulo e a evolução da nossa canaricultura era evidente. O Brasil foi Campeão em Canário de Canto e obteve vários primeiros lugares em Canários de Cor. No ano seguinte, no Pavilhão de Vidro do Parque de Água Branca (palco de vários "Brasileiros", inclusive o último da COB — Confederação Ornitológica Brasileira), aconteceu o 1° Concurso Nacional de Canaricultura, do qual participaram sociedades de várias regiões. No dia 12 de agosto, no decorrer desse evento, foi realizado o 1° Campeonato Brasileiro de Canaricultura, no qual decidiu-se fundar uma entidade de âmbito nacional que consagrasse os nossos clubes. Nascia, então, a Federação Brasileira de Canaricultura — FBC, cujo presidente era Jerônimo Rocha. A entidade passaria por vários nomes e estágios até que, em 24 de setembro de 1988, foi denominada Federação Ornitológica do Brasil — FOB, sucessora das outras entidades, tão somente, do ponto de vista histórico.

Hoje a canaricultura no Brasil conta com aproximadamente 460 variações de cores no segmento denominado Canários de Cor, 26 raças que se dividem em 138 classes para concurso, no segmento de Canários de Porte e ainda os Canários de Canto Clássico.

Anualmente, as 172 associações de canaricultores de todo o Brasil, filiadas à FOB, realizam campeonatos em suas cidades nos meses de maio e junho, dos quais só podem participar os filhotes nascidos no ano anterior, devidamente anilhados. Os campeonatos são nos segmentos de Canários de Cor, Canários de Porte e Canários de Canto. E, apesar de todos os canários machos de todas as raças cantarem perfeitamente a partir de quatro meses de idade, só os canários do segmento Canto Clássico "Roller" é que podem participar do concurso de Canto.

Após os campeonatos regionais, a FOB realiza o Campeonato Brasileiro de Ornitologia que acontece sempre no mês de julho. Este ano, mais de 20 mil pássaros domésticos de criadores de todo o Brasil participaram da 2a etapa do 53° Campeonato Brasileiro de Ornitologia, realizado no período de 2 a 11 de julho, no Parque Permanente de Exposições, em Ribeirão Preto-SP.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Colorindo os Canários sem Fator

As cores dos canários săo o produto da interaçăo de dois fatores de cor que nós chamamos de melaninas e lipocromos (estăo no plural porque considera-se a existęncia de mais de um tipo de cada um deles). O efeito visual que nossos olhos podem perceber, é o resultado da combinaçăo desses fatores de cor.
A alimentaçăo e os aditivos alimentares tem pouca influencia em relaçăo ŕ qualidade das melaninas , sendo os fatores genéticos os mais importantes em relaçăo ŕ sua expressăo.
Quando se trata dos lipocromos dos canários, a alimentaçăo bem como os aditivos alimentares tem enorme influencia na sua qualidade e manifestaçăo.
O maior exemplo disso ocorre nos canários chamados de "com fator vermelho", através do uso da cantaxantina, o que é do conhecimento da grande maioria dos canaricultores. Para esse aditivo alimentar, existe já uma pratica definida com relaçăo ŕ dosagens, época de uso, e outros cuidados que possibilitam aos criadores a obtençăo dos exemplares desejados.
Os canários chamados de "sem fator vermelho", com exceçăo dos brancos (que năo possuem lipocromo), tem sua expressăo lipocromica definida pela alimentaçăo e regida pęlos fatores genéticos envolvidos.
O que define a cor de um lipocromo é a combinaçăo de pigmentos corantes chamados de carotenóides e que estăo presentes em maior ou menor quantidade em uma grande variedade de alimentos. Uma prova disso, é o próprio canário branco, que só é branco porque possui um "defeito" genético que o impede justamente de fazer com que esses pigmentos se depositem nas células de suas penas.
Sabe-se também que se colocarmos um canário amarelo sob um regime alimentar isento de carotenóides, após o término de todas as reservas do tecido gorduroso (esse pigmento é depositado inicialmente nesse tipo de tecido), na muda seguinte esse canário se tornará branco.
Uma vez que os fatores genéticos determinaram primordialmente a capacidade de depósito dos pigmentos na plumagem dos canários, influenciando-o tanto de maneira quantitativa como qualitativa, nos resta entăo, por meio da alimentaçăo tentar otimizar esse processo e obter as tonalidades desejadas e exigidas pęlos manuais de julgamento.
Em outras palavras, partindo-se de um plantei com qualidade genética superior, podemos por meio da alimentaçăo influenciar para melhor (ou para pior) o resultado desejado.
Com os campeonatos se tornando cada vez mais competitivos, com a melhoria dos planteis, aliados a criadores mais técnicos e bem informados, os desempates tem ocorrido em faixas de detalhes cada vez mais estreitas. Com isso, o manejo da alimentaçăo dos canários sem fator com o objetivo de se obter um lipocromo ótimo, se toma obrigatório.
Nos canários com fator, a receita é relativamente simples : quanto menos carotenóides e mais cantaxantina (até a dose ótima), melhor deve ser o resultado.
Nos canários sem fator, a coisa se complica bem mais, pois para começar temos tręs "tipos" de lipocromos envolvidos (amarelo, amarelo marfim e branco dominante) e vários tipos de carotenóides envolvidos em concentraçőes desconhecidas.
Um criador que possua essas tręs variantes de lipocromo em seu plantei, năo deve submete-las ao mesmo regime alimentar, pois se sabe que um amarelo marfim precisa de um aporte maior de carotenóides na sua alimentaçăo para melhor expressar suas qualidades. Um branco dominante năo deve, com certeza receber esse mesmo tipo de alimentaçăo (deve receber menos carotenóides), e o amarelo normal, por sua vez deve ser trabalhado com um teor intermediário entre os dias.
Outro complicador em relaçăo aos canários sem fator, é que năo existe para eles nenhum aditivo alimentar que tenha sua tecnologia de aplicaçăo dominada em termos de uso e dosagem como a que existe para a cantaxantina.
Com isso, nos resta conhecer melhor os alimentos usados nas nossas criaçőes, e dentro do possível as quantidades de carotenóides que eles aportam, pois o resultado em termos de lipocromo (seja ele bom ou ruim- suficiente ou insuficiente) é o produto direto das "coisas" que damos para eles comerem.
Os carotenóides săo uma classe de compostos amplamente distribuídos no reino vegetal e em algumas espécies animais.
Săo responsáveis pęlos pigmentos de cor de inúmeras espécies como tomate, laranja, verduras, milho, gema de ovo, plumagem dos flamingos, etc.
Nessa família dos carotenóides, existem mais de 500 compostos e incluem dois tipos diferentes de moléculas: os carotenos (licopeno, beta caroteno *, alfa caroteno, etc) e as xantofilas. As xantofílas săo as responsáveis pela coloraçăo da plumagem de nossos canários. Como exemplos desse tipo de carotenóide temos a zeaxantina, a cantaxantina, a luteina, a criptoxantina, etc.
As análises químicas dos diversos tipos de alimentos, dificilmente discriminam quais săo os tipos de carotenóides presentes nos alimentos. Normalmente os resultados indicam apenas os teores de beta caroteno (o mais estudado dos carotenóides) ou mesmo sua atividade em termos de Vitamina A (da qual alguns carotenóides săo precursores).
Sabe-se também que a zeaxantina (carotenóide presente no milho amarelo, planta pertencente ao género Zea, daí o nome zeaxantina), é responsável por pigmentaçőes de amarelo mais forte, tendendo ao alaranjado. Esse pigmento é encontrado também na gema do ovo, uma vez que as raçőes de galinhas săo compostas em sua grande parte por milho amarelo.
Existem indicaçőes que os vegetais de folhas verdes e as sementes possuem maiores proporçőes de luteinas, e portanto seriam mais indicados para se obter pigmentaçőes mais desejáveis nos canários.
A tabela abaixo, nos dá uma indicaçăo dos teores de carotenóides presentes nos alimentos mais usados na Canaricultura e pode servir como auxiliar no manejo da alimentaçăo.


Sementes Componentes da Raçăo (Farilhada) Vegetais e Frutas Outros
ALTO - Milho amarelo CenouraFolhas de brócolis espinafre Gema de ovo
MÉDIO Colza Nabăo Linhaça Farelo de soja Almeirăo Chicória Acelga Couve -
BAIXO Alpiste Aveia Níger Milho BrancoFarelo de Trigo Germe de Trigo Farelo de Arroz Leite Desnatado Maçă Pepino sem casca Clara de ovo Arroz

Como năo existe comercialmente disponível ao canaricultor um tipo de Xantofila - como acontece com a cantaxantina - com tecnologia definida em termos de uso e dosagens, só nos resta tentar manejar da melhor maneira possível os alimentos disponíveis de maneira a tentarmos obter o melhor resultado possível.
Nesse manejo, alguns fatores merecem destaque:
1) A literatura mostra que nas sementes, o principal carotenóide é a luteina.
2) O ovo, milho amarelo e seus derivados săo ricos em zeaxantina.
3) Quanto mais verde, săo as folhas das verduras, maior seu teor de carotenóides (sabemos que o teor de beta caroteno é alto, mas năo sabemos o teor das xantofilas envolvidas).
4) Canários com cor de fundo amarelo, amarelo marfim e branco dominante devem preferencialmente ser submetidos á regimes alimentares distintos em termos de carotenóides.
5) Os carotenóides "amarelos", săo acumulados no tecido gorduroso dos canários, e săo liberados para efeito de coloraçăo das penas ŕ medida que săo necessários, seja na muda de penas ou na substituiçăo de penas caídas. Isso quer dizer que a cor daquelas penas que nascerem num determinado momento, reflete a alimentaçăo ingerida pelo pássaro nos meses anteriores. Portanto, se o canário ingeriu carotenóides inadequados anteriormente, mesmo năo estando na muda, isso pode se refletir na emplumaçăo posterior.
Isso quer dizer que a alimentaçăo adequada, deve ser fornecida com bastante antecedęncia em relaçăo ŕ muda - no mínimo ŕ partir da separaçăo dos pais.
6) O fator ótico para o azul é fundamental nesse manejo e é presença obrigatória no patrimônio genético de nossos canários, pois se encarrega de imprimir a tonalidade "esverdeada" nos lipocromos amarelos, quando se obtęm o desejado amarelo limăo.

COMO AVALIAR UM CANÁRIO

A reuniăo harmônica de todos os caracteres "ideais" em um mesmo canário é o que se poderia chamar de "sucesso absoluto".Porém, isto năo é tăo fácil. Deve-se, entăo aprender a observar bem o exemplar sob mira, comparando-o com o maior número para que se possa realmente selecionar um bom espécime.

Como nem sempre todos os detalhes săo possíveis de se encontrar em uma mesma ave, é oportuno avaliar-se conjuntamente as qualidades do casal que se pretende formar. Pode-se, assim, obter em ambos, complementarmente, os aspectos desejados, cujo conjunto certamente se manifestará na prole, por inteiro. A partir daí trabalha-se em funçăo do padrăo que se pretenda alcançar.

Basicamente, tem-se como necessária, em um bom exemplar, as seguintes qualificaçőes:

CABEÇA: deve ser arredondada, perfeitamente harmônica com o bico e o pescoço, os olhos bem centrais, devem ser redondos e transmitir vivacidade.

BICO: este deve Ter a cor do canário (claro ou escuro), ser curto e largo em sua base. No aspecto da cor, exceçăo se abre, apenas, para os marfins, ágatas, canelas, pastéis e isabéis.

PESCOÇO: em forma de cilindro e curto, compondo em harmonia com o tórax e a cabeça.

PEITO: largo e arredondado, combinando com o resto do corpo.

DORSO: reto, em linha com o pescoço e a cauda.

ASAS: perfiladas e aderentes ao corpo, sem entrecruzamento e sem exagero na cobertura da base da cauda.

CAUDA: unida e em forma de "M", em linha reto com o dorso.

PATAS: ausęncia de escamas e sem exposiçăo de músculos, na cor do pássaros (linha clara ou escura).

PLUMAGEM: sem falhas cromáticas, compacta, brilhante e sedosa, com pureza e intensidade de cor.

TAMANHO: entre 13 e 15 centímetros, medidos da base do bico ao final da cauda.

De resto, é recomendável saber-se algumas informaçőes acerca da origem do pássaro e, se adulto, quanto ao seu desempenho como reprodutor, se já o foi.

ACASALAMENTO: TÉCNICAS ÚTEIS PARA O SUCESSO

O momento do acasalamento, é do ponto de vista técnico o mais importante do ano para o sucesso de um criador. É muito comum vermos pessoas entusiasmadas comprarem exemplares de altíssimo valor genético durante anos e anos, e nunca conseguirem os resultados esperados nos concursos. Outros gastam rios de dinheiro com matrizes excelentes, e obtém resultados efêmeros carentes de continuidade, conquistando prêmios ora com uma cor, ora com outra, sem conseguir firmar um padrão de qualidade numa determinada cor ou linha.
A alimentação é correia, o criadouro um brinco, tudo está correio, menos uma coisa...... Os casais foram mal montados.

Quando chegam os meses de julho/agosto, alguns criadores pegam as suas matrizes, coçam a cabeça e procuram "montar" o "quebra-cabeças" tentando achar uma lógica no trabalho efetuado, na esperança de que no próximo ano apareçam pássaros excepcionais.

Qual será o caminho certo para aproveitarmos ao máximo o potencial dos nossos reprodutores? De que forma poderemos obter filhotes ainda melhores do que os pais?

Procuraremos analisar estes aspectos que considero a espinha dorsal de um criadouro bem sucedido.

Em primeiro lugar, devemos tomar consciência que as aves tem dois elementos à serem considerados: a) fenótipo: tudo aquilo que nela vejo b) genótipo: todas as características herdadas dos pais, visíveis ou não.

Assim sendo, deduzimos que exemplares muito bonitos, poderão transmitir ou portar características totalmente indesejáveis. Isto nos leva a pensar muito bem na hora de comprar os reprodutores, no sentido de nos assegurar de que um canário muito bonito não porte alguma "bomba" que venha a estragar o resultado.

Imaginando que todos estes cuidados foram tomados, que estamos de posse de um plantei de alto nível, devemos mesmo assim tomar consciência de que não existe o canário perfeito. Sempre há o que melhorar num exemplar, por melhor que ele seja.

Entra aqui a nossa técnica de acasalamento que tentaremos explicar.

Devemos dividir todas as características que os juizes irão avaliar em dois grandes grupos que chamaremos da seguinte forma:

1. Máxima expressão

2. Expressão intermediária

MÁXIMA EXPRESSÃO

Algumas das características à serem selecionadas e observadas na hora do acasalamento, devem buscar sempre o máximo, sem limites.
Assim, por exemplo, o vermelho deve ser o mais vermelho possível, o branco o mais branco possível, os cobres, verdes e azuis, o mais negros possíveis e o seu desenho (assim como nos canelas) o mais largo possível, a plumagem o mais sedosa possível, máxima redução do schimell nos intensos, máxima redução da feomelanina nos melânicos clássicos etc. etc.
Todos estes casos e muito outros, são de relativa facilidade, pois sempre deveremos acasalar macho e fêmea o mais vermelhos possível, com a plumagem o mais sedosa possível, etc. etc.

EXPRESSÃO INTERMEDIÁRIA

A maioria das características fruto de seleção, representam um equilíbrio entre extremos indesejados. Ganha aquele que conseguir o "ponto justo" para determinado fator.
Vejamos alguns exemplos:

1-O nevado muito longo é indesejável e aquele excessivamente curto também. Existe portanto, um ponto intermediário de exemplares com névoa curta mas visível e bem distribuída.

2- Os acetinados com desenho muito fino, perdem contraste, e os que tem desenho muito grosso perdem nitidez. Existe portanto, um ponto intermediário ideal.

Podemos citar alguns destes inúmeros exemplos:

- Tamanho grande em excesso ou pequeno de mais.

- Ágatas com desenho excessivamente fino e com pouca expressão de negro ou com bom negro, mas desenho excessivamente largo.

- Canários mosaicos com bom branco mas pouca expressão de lipocrômo, ou excelente lipocrômo mas excesso de infiltração.

- Plumagem excessivamente longa ou curta Isabelinos com desenho excessivamente marcado ou diluído em excesso

A lista é muito extensa e os exemplos acima pretencem transmitir a idéia de que efetivamente muitos fatores requerem um cuidado redobrado para alcançar o ideal.

Considerando que nenhum canário é perfeito, para cada exemplar há em tese um outro ideal para efetuar um acasalamento bem sucedido. Assim como existe uma única chave para uma fechadura, podemos dizer o mesmo no caso do acasalamento. Esta é a explicação do velho ditado de que "de dois campeões não necessariamente nascerão filhos campeões". Esta é também a explicação do porque os filhos poderão nascer com melhor qualidade do que a dos pais.

Resulta portanto, fundamental quando se trata de fatores de expressão intermediária, que tomemos muito cuidado na hora de selecionar as matrizes e de efetuar os casais, no intuito de sempre procurarmos compensar a característica de um com a do outro para procurarmos o equilíbrio perfeito.

O somatório de virtudes num só exemplar, redunda em verdadeiras satisfações nos concursos. Boa sorte, e bom acasalamento!!!!!!!

UMA CURIOSA MUTAÇÃO

Teve a sua primeira aparição em 1994, no canaril do meu amigo Maércio Laranjo. Filhos de um casal de canários vermelhos da linha clara, apareciam filhotes com uma coloração vermelha no bico e avermelhada nas patas. 0 amigo Laranjo me relatou esse fato e naturalmente fiquei curioso por ver esses exemplares.
0 Sr. Laranjo estabeleceu uma ”parceria” com o também amigo e juiz OBJO Rogério Diniz, que levou esses canários em virtude de que o Laranjo somente estava criando canários sem fator. Estes canários, além de apresentarem o bico vermelho, tinham uma estrutura de pena diferente, algo ”aveludada”, e alguns problemas de falta de rusticidade, apresentando algumas dificuldades visuais, etc.
Em 1996, o amigo Laranjo me disse que estava interessado em adquirir alguns exemplares da minha criação e propus fazer uma troca com algum desses ”bico vermelho”. Aceitei e foram enviados 2 machos que efetivamente apresentavam essas características. Esses exemplares mostravam-se de fato com notórias dificuldades de visão e pouco ativos. Um deles não era fértil e do outro tirei 3 ninhadas, sendo 2 delas com fêmeas vermelho nevado e uma com fêmea cobre, visando dois objetivos: 1) rusticidade, 2) verificar se a referida mutação poderio ter algum efeito também sobre as melaninas. 0 resultado foram 6 filhotes, todos de bico branco (normal), sendo 2 machos vermelhos nevados, 1 fêmea vermelha nevada e 3 fêmeas pintadas.
Pudemos logo confirmar pelos filhotes obtidos que esta mutação, caso confirmada, não seria ligada ao sexo. Todos os filhotes apresentavam excelente estado de saúde e super ativos, com características fenotipicas idênticas as dos outros canários. No inicio da cria, todos os filhotes mostraram uma excelente disposição para a reprodução, mas nos deparamos com o problema de que os canários de bico vermelho vindos dos Srs. Laranjo e Rogério Diniz, continuavam com problemas e a sua possibilidade de fertilidade era mínima, de forma que acasalamos os portadores entre si. A nossa surpresa foi enorme, pois constatamos que de fato, logo no nascimento, alguns filhotes mostravam uma nítida tonalidade vermelha no bico, tonalidade esta que aumentava conforme os filhotes se desenvolviam. Outra observação que confirmaria a condição de mutação e a de que não existe característica intermediaria. Ou nascem com o bico vermelho ou o mesmo sai completamente branco, conforme a forma ancestral. Aqueles filhotes de origem cobre e que apresentam o bico vermelho não mostram qualquer alteração melânica, apresentando somente a tonalidade vermelha do bico e as patas avermelhadas. 0 resultado final forma 8 filhotes de bico vermelho e 20 de bico branco que seriam possíveis portadores, caso fique confirmada que esta mutação seja autossômica.
Os Srs. Laranjo e Diniz me relataram outras curiosidades, tais como o fato de que fêmeas portadoras com machos normais e sem nenhum parentesco com os ”bico vermelho” tem dado filhos de bico vermelho. Seria este fato inédito, pois não existe ate hoje nenhuma mutação em que uma fêmea portadora possa transmitir as características dessa mutação diretamente aos seus filhos sem que o pai seja pelo menos portador também. No período de muda, a tonalidade vermelho vivo do bico dos filhotes diminui um pouco de intensidade e a plumagem efetivamente tem uma estrutura e tom de vermelho diferentes.
Outro aspecto curioso resulta do fato de que, ate hoje, todas as mutações aparecidas nos canários tem sido sempre diluidoras ou inibidoras tanto dos pigmentos lipocromicos como melânicos. Trata-se, neste caso, do aparecimento de pigmentos numa área onde o canário ancestral não apresenta pigmentação lipocromica alguma, tais como o bico e patas. Todos os filhotes puros gozam de excelente saúde e acreditamos que na temporada de 1998 poderemos expandir esta interessante experiência, objetivando o fornecimento de informações detalhadas sobre esta novidade fascinante

Clique nas fotos para vê-las ampliadas.

foto 1
(Irmãos de ninho. Ã esquerda mutante, à direita portador)

foto 2
(Irmãos de ninho. Ã esquerda mutante, à direita portador)

foto 3
(Filhote mutante (bico vermelho) e filhote ancestral (bico branco)

foto 4
(Ã esquerda, filhote ancestral à direita filhote mutante).


(Ã esquerda filhote vermelho nevado macho de bico vermelho. Ã direita filhote vermelho fêmea de bico vermelho)

dicas para determinar o sexo em canarios

Este é um dos problemas que criam diversos embaraços aos criadores, quer seja na hora de comprar um determinado pássaro, vender ou planejar a criação. Vamos enumerar diversas sugestões para a determinação do sexo de canários:
1 - Os machos cantam e as fêmeas raramente o fazem.
2 - Nos canários da linha escura, as fêmeas apresentam nas costas, um manto mais marrom (feomelanina) que os machos.
3 - Pela cor dos pais pode se chegar a cor dos filhotes conforme tabela; onde se o pai for homozigoto, ou seja, não portar nenhuma cor, todas os suas filhas terão cor idêntica à do Pai. Esta tabela foi feita a partir de canários com a cor de fundo amarela.
4 - Canários de cor mosaico que apresentam características sexo dimorfas entre os machos e as fêmeas: os machos apresentam máscara facial bem definidas, maior que as das fêmeas. Também mais cor no peito e dorso.
5 - Vários criadores alegam que pela forma do ovo pode-se determinar os sexo do filhote onde os ovos mais ponteagudos são machos e os mais arredondados são fêmeas.
6 - Terminado o período de muda, podemos definir o sexo pelas características cloacais. Colocando-se o pássaro no palmo da mão, com o ventre para cima veremos conforme o desenho abaixo: o macho apresenta o órgão genital em formo de pequeno gancho, enquanto as fêmeas ficam inchadas como se o ovo fosse sair. Também, nas fêmeas, as penas que circundam, a cloaca tem aparência de leque, enquanto os machos tem a forma de tufo ou espanador, conforme ilustração abaixo.

alimentação,nutrição de nossos passaros

De longe já sabemos que nossos pássaros não conseguem se nutrir com apenas uma mistura de sementes e outras "vitaminas" quaisquer. E Ias degustarão o que Ihes convier e desprezarão os demais ingredientes.
Primeiro, devemos saber que o metabolismo das aves é completamente diferente dos mamíferos. A taxa metabólica das aves é muito mais alta do que a dos mamíferos, por esse motivo requerem em sua alimentação, quantidades elevadas de energia.
Hoje já sabemos que a nutrição imprópria é uma das causas mais comuns de morbidade nas aves de um modo geral (Doenças infecciosas, baixa fertilidade etc).
A ave deve receber muita atenção na sua alimentação em cativeiro, essa alimentação deve ser variável e dosada conforme “a raça, seu porte e a época do ano. Necessariamente a ave” precisa de alimentos que contenham: Minerais, proteínas (Aminoácidos), gorduras (lipídeos e glicídios, carboidratos (energia),vitamina A, tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina, biotina, colina, ácidoeólico, ácido pantatênico, 03, E, K e etc. Estas são responsáveis pelo crescimento normal dos filhotes e estão diretamente envolvidas nas transformações metabólicas do organismo de todos os animais.
Minerais como o cálcio, fósforo, sódio, cloro, magnésio, potássio, manganês, molibdênio, xantina oxidase, zinco, ferro, cobre, selênio, iodo, tem várias funções importantes, entre elas a formação e o desenvolvimento do esqueleto, bico, patas, penas e a regulação do ph e o transporte de oxigênio para os tecidos.
Aminoácidos como a metionina, lisina, triptofano, cistina são responsáveis pela formação das proteínas e de grande importância na nutrição animal, pesquisas tem mostrado que a proteína vegetal tem menor valor biológico em relação à proteína animal.
Os carboidratos, entre eles, açúcares, amidos, fibras são importantes em funções próprias no processo digestivo, conferindo a energia necessária para o funcionamento do organismo. Um grave problema no que diz respeito às fibras pois estas são muito pouco ingeridas, as cascas das sementes ricas em fibras vão para o lixo daí vários tipos de problemas digestivos, como alguns casos de diarréia.
Gorduras encontradas principalmente nas sementes de Girassol, niger, linhaça, colza são nutrientes benéfico para as aves, como fonte de energia e calor, porem devem ser bem dosadas, pois os excessos podem causar problemas.
A alimentação das aves em cativeiro é uma discussão constante sobre a escolha dos melhores ingredientes, na melhor farinhada, na melhor verdura, etc. Mas somente com e um bom acompanhamento nutricional, conseguiremos reproduzir nossos campeões e os afastar das doenças que atingem nossos criadouros.
Relatos recentemente publicados tem nos mostrado que quando os pássaros são alimentados com sementes e complementados com vitaminas solúveis em água, apresentam deficiências crônicas de determinados nutrientes. Assim devemos nos sensibilizar e formar uma tabela de alimentação somando sementes, farinhada, frutas, legumes, verduras e uma suplementação extra de vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis em épocas de muda e procriação, para obtermos bons resultados reprodutivos, com aves bem nutridas e saudáveis.